Muito pouco se sabe sobre a distribuição histórica da águia-cinzenta no Rio Grande do Sul, pois poucos são os registros anteriores a 2000 no estado. Os primeiros avistamentos da espécie remontam ao final do século XIX e início do século XX, relatados por Hermann Von Ihering (1899) e Rudolph Gliesch (1930) na porção sul do estado, municípios de São Lourenço do Sul e São José do Norte.
Desde então todas documentações da águia-cinzenta no Rio Grande do Sul ocorreram na porção nordeste, região dos campos de altitude, também conhecida como Campos de Cima da Serra. Atualmente a área de ocorrência compreende aproximadamente 1.100.000 hectares, distribuídos em 11 municípios desta região (Bom Jesus, Cambará do Sul, Campestre da Serra, Canela, Caxias do Sul, Jaquirana, Muitos Capões, São José dos Ausentes, São Marcos, São Francisco de Paula e Vacaria.
Por ser uma ave de rapina de grande porte, a águia-cinzenta utiliza grandes áreas para reprodução e caça. Apesar de ser encontrada em Unidades de Conservação, como os Parques Nacionais do Itaimbezinho e da Serra Geral, a Floresta Nacional de São Francisco de Paula, a Estação Ecológica Aratinga e o Parque Estadual do Tainhas, as águias-cinzentas eventualmente saem das áreas protegidas. Outras possuem seus territórios inteiramente fora de Unidades de Conservação, o que as tornam mais suscetíveis a alguns tipos de ameaça, como a perseguição e o abate.
Existem alguns relatos e informações relacionadas a avistamentos recentes da águia-cinzenta na porção sul do estado, ainda não documentados. A ocorrência de águias-cinzentas nesta região, se confirmada, pode ser de indivíduos dispersando de outras regiões (Campos de Cima da Serra ou da Argentina) ou talvez um pequeno grupo localmente residente, já que no Uruguai a espécie é considerada extinta.
Seriam importantes documentações visuais (fotografias ou vídeos) que comprovem a ocorrência da águia-cinzenta no sul do Rio Grande do Sul. A partir disso, são sugeridos o monitoramento destas aves e atividades de educação ambiental, auxiliando na conservação das mesmas.
Spizaetus, 29, 19-28



